June 2005  | This Issue

Andréa Carvalho

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Visões

Virgínias e a Bienal do Livro

Virgínias

Virginia Woolf está em Virgínias, a mais recente produção do Teatro de Frente, com Anneli Olijum e Andréa Azevedo, que também assina a direção.

Teatro de Frente é um grupo de pesquisa que investiga a obra de grandes autores para a adaptação cênica, levando a platéia a se aproximar da literatura e da cena. O grupo trabalha com a linha do Teatro Antropológico de Eugênio Barba, onde o ator é responsável e criador individual de seu trabalho. A direção organiza a intenção da cena, mas é do ator o trabalho mais exaustivo.

Depois de ler a biografia de Virginia Woolf, a diretora Andréa Azevedo se sentiu atormentada por uma questão: O que a fez desistir? Talvez, para respondê-la, Andréa teve de construir o espetáculo.

A estrutura da peça não é linear (não poderia ser diferente). É resultado de leituras e do treinamento que lida com a própria psicologia do ator, individual e coletivamente, tentando responder: Por que isso é importante para mim? O que eu quero dizer com isso?

Quando foram para o palco, as atrizes propuseram o que a escritora havia dito a elas, mas "a essa hora todas já estavam contaminadas pela loucura de Virginia" – confessa Andréa. O trabalho da diretora foi revelar e clarear aquilo que no trabalho do ator estava realmente representando a criação na literatura de Virginia Woolf.
                         Andrea Azevedo e Anneli Olijum em Virgínias

Mas o que fez Virginia desistir? "Ela não encontrou lugar", Andréa diz , "não conseguiu encontrar um lugar para a mulher e a artista ao mesmo tempo, ao mesmo nível".

Essa pode ser a resposta que Andréa encontrou, mas a peça não tenta achar respostas. As Virginias são inspiradas pela busca que a escritora perseguiu  em sua literatura: a tentativa de concentrar tudo. As atrizes buscam essa concentração na narração, na dança, no teatro, no realismo, no expressionismo e na pluralidade.

Não há virgulas no drama de diversas faces de Virgínia. A mulher que lentamente desistiu, a literatura que nunca cessa, ambas estão ligadas à vida em todas as suas esquinas.

A festa dos livros

A XII Bienal Internacional do Livro no Rio de Janeiro  provou ser mais do que livros. É um grande evento. Duas semanas (de 12 a 22 de maio de 2005) de encontros com escritores brasileiros e estrangeiros, livros e eventos infantis, jogos RPG, conferências literárias, teatro, e até venda de livros.

Essa edição da Bienal foi um grande acontecimento: 230 escritores brasileiros, 24 internacionais -- incluindo Tom Wolfe, que esteve na palestra de abertura, e 16 autores franceses, em homenagem a França, o país homenageado nessa XII edição.

A Bienal tem sido, há vinte anos, um negócio de sucesso e de parcerias culturais. Começou em 1983, nos salões de conferência do Hotel Copacabana Palace.  Dois anos depois, passou para o São Conrado Fashion Mall, até se transferir para o Rio Centro. A Bienal de 2005  ocupa 55 mil metros quadrados divididos em três pavilhões coloridos.

   Chico Caruso e João Ubaldo Ribeiro         Contação de histórias para crianças

Quase todo segmento da sociedade estava lá: não só estudantes universitários, professores, intelectuais, mas donas de casa, adolescentes, mães com crianças, programa de família no fim de semana.

Isso foi realmente espetacular porque o Brasil não é um país com uma tradição de leitura. Não importa quais eram os interesses de leitura daquelas pessoas, o mais importante é a prática da leitura próxima do cotidiano. Isso pode ser um ponto inicial para uma sociedade melhor educada e consciente, somente um ponto inicial.

A Bienal do livro é uma festa. E como toda festa, acaba e tudo volta ao normal no dia seguinte. Na realidade, livro ainda é artigo de luxo, uma grande parcela da população não  possui condições financeiras para comprá-lo. Nem toda criança brasileira freqüenta escola com biblioteca ou tem chance de participar de programas educacionais de leitura. Porém, quando se vai à Bienal parece que se vive em outro país. No Brasil, livros não estão em todo lugar para todos.

Parabéns para a Bienal Internacional do Livro e desejamos que, algum dia, a festa do livro nunca termine. 

Virgínias

Direção e roteiro: Andréa Azevedo
Elenco: Andréa Azevedo e Anneli Olljum
Produção: Teatro de Frente
15 a 31 julho, 2005
Quinta a Sábado - 21h  Domingos - 20h
Teatro Sérgio Porto – Rio de Janeiro
Rua Humaitá 163 – tel: 2266- 0896
Email: teatrodefrente@yahoo.com.br

XII Bienal do Livro do Rio de Janeiro – 2005
www.bienaldolivro.com.br

©2005 Andréa Carvalho
©2005 Publication Scene4 Magazinel

Andréa Carvalho é produtora e escritora no Rio de Janeiro.
Além de ser bilíngüe, é "mãezinha"
de duas adoráveis crianças

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